quinta-feira, 25 de maio de 2017

TOO LATE (2015) Dir. Dennis Hauck


TOO LATE (2015)
Márcio Domenium




Infelizmente meus queridos, não consigo escrever artigos na mesma velocidade e quantidade que gostaria de compartilha-los, se comparado, as descobertas sobre novos diretores e pequenos achados que venho fazendo durante alguns meses de “meditação”. Por essa razão, antes tarde do que nunca, abri um novo espaço aqui no site, intitulado: NOVOS DIRETORES EM CENA. Sujeitos que se destacam pelo seu debut na sétima arte ou simplesmente por ser chama notável que futuramente se tornará um diamante bruto.

NOVOS DIRETORES EM CENA 
#01 - DENNIS HAUCK



Vamos fazer o nosso debut com TOO Late. o interessantíssimo Noir Moderno do diretor Dennis Hauck. Este sujeito já está sendo comparado a Quentin Tarantino devido a alguns fragmentos de sua composição como filmmaker. No entanto sua obra fala mais sobre si do que um mero comparativo. É o que veremos agora.

PLANOS CONTINUOS...

É fato que a direção, um ótimo roteiro e uma história envolvente fazem a diferença para que se tenha um bom filme. Mas existem alguns “artifícios” que tornam a experiência de se assistir um bom filme ainda mais interessantes. São métodos “arriscados”, mas que em mãos hábeis e criativas fazem a diferença para que uma história já conhecida seja contada de uma forma inovadora. Quando digo “arriscado” me refiro ao modo narrativo que quebram o conceito estético da indústria do cinema. Conceito esse concebido na concepção do roteiro que nos entrega a história a partir de etapas pré-concebidas conhecida pelos roteiristas como A jornada do herói. No youtube encontramos vários vídeos legais sobre o que consiste e como desenvolver essa técnica em seu roteiro. O meu vídeo preferido sobre o assunto vem do pessoal Omelete que você pode conferir [aqui]. Além da composição do roteiro, temos a desfragmentação da ordem das cenas e as magnificas cenas em plano contínuo.


Em OldBoy, o original, não o remake, o diretor Sul Coreano Park Chan-wook utilizou sabiamente desse artificio criativo do plano contínuo. Na famosa “Cena da Luta” temos um único take de 2 minutos e 34 segundos que, justamente pela sua perspectiva de um único plano, consegue narrar com maestria o desafio quase sobre-humano do personagem Oh Dae-su. 

O meu exemplo favorito de plano em continuidade sem cortes é de um filme alemão intitulado “Victoria” do diretor Sebastian Schipper. O filme tem um plano sequencial de somente 134 minutos. Que fique claro, sem (motherfucker) cortes meus amigos! O longa narra a história de um assalto a banco a partir da personagem principal, a dita cuja Victoria, interpretada pela atriz Laia Costa. Para que tudo desse certo foram necessários 12 dias de ensaios interruptos. Mas, tanto Oldboy, quando Victoria narram histórias “manjadas da mesa de roteiros” de Hollywood. Olboy a história de um homem em busca de vingança, o segundo um assalto a banco. Quantos filmes da “sessão kickboxer matar até morrer para se vingar sem saber o porquê” nós já não vimos com a mesma premissa?



Igualmente como os filmes citados acima o que faz a diferença em Too Late não é somente a história contada, mas o modo como ela nos é apresentada. Em suma a história é bem clichê: “Um investigador particular que está cansado do mundo em que vive. Mas se encontra aprisionado em um escândalo que envolve clubes de strip-tease, pequenos traficantes de drogas e meninas desaparecida. ” [filmow] 

A sinopse soa com um chute no saco se lembrarmos aqueles clássicos detetives de filmes noir da década de 50 e suas narrativas melodramáticas sobre suas decisões e perspectivas vinda do seu alter-ego. "Too Late” completamente diferente. Sua estruturado gira em torno de um truque impressionante que torna os diálogos e a história interessante, cabendo a nós desvendar o enigma. A história em si se desenvolve em Los Angeles, narradas em cinco segmentos cronologicamente desordenados, cada um consistindo de uma única tomada, executados em um único carretel de 35 mm de comprimento formato Techniscope (aproximadamente 22 minutos).


Ao contrário de qualquer filme de investigação a história tem início no momento em que o investigador recebe a chamada de jovem pedindo ajuda. Em Too Late, é justamente indefinido esse aspecto. Não sabemos se de fato se o investigador ou vítimas estão mortos, se estão, quando isso ocorreu e porquê. Pois todo argumento central é narrado a partir do aspecto emocional dos personagens, e não, como de costume, na investigação criminal. Com o desfilar de histórias nos deparamos com uma série de personagens coloridos que dão origem a algumas de cenas surreais e imprevisíveis. Os diálogos são intensamente saborosos e parte aditiva das pistas que nos levam a montar todo esse quebra-cabeça.  Cujo enredo é sempre ofuscado pelo perfil magnético dos personagens e estilo cativante de uma câmera que dança em meio a bela fotografia, poesia exótica e erotismo debochado.




As mulheres são belíssimas, heroínas de seus corpos em um erotismo debochado com uma pitada de caos. Cristal Reed, Natalie Zea, Sydney Tamiia Poitier, Dichen Lachman pintam esse quadro junto com a desinibida e sexy Vail Bloom. Mas o papel é para John Hawkes que me trouxe a mente uma espécie de “Nick Cave Detetive” [ver], magro e raquítico, mas que traz nas entrelinhas a malícia do mundo caótico em faz o jogo servir as suas regras.  Um sujeito que tem mais vidas que um gato e brinca com a morte como se já a conhecesse.



É difícil não fazer uma ligação mental entre Dennis Hauck e Quentin Tarantino. Ambos utilizam com elegância o ato  de montar e desmontar o tempo cronológico de uma história fazendo com que obra cinematográfica seja um outro filme dentro do mesmo filme. E esse artificio não é novo, nem quando Tarantino fez o seu debut, tão pouco com Hauck. O diretor Alejandro González Iñárritu e o roteirista Guillermo Arriaga utilizaram as mesmas variantes em Babel (2006), 21 Grams (2003) e Amores Perros (2000). Que aliás, Alejandro González Iñárritu é pai de uma obra que levou Leonardo DiCaprio a outro patamar, o premiado The Revenant (2015), O regresso.

Vamos ficar de olho nesse cara, Dennis Hauck!
Ah, quase ia me esquecendo. A trilha sonora é sensacional!

FICHA TÉCNICA

Título Original: Too Late 
Gênero: Drama
Ano: 2015
Minha nota: 7,5
Trailer [Aqui]


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Torrent + Legenda em Português (TL.rar)

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