segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

The ABC’s of Death (2012)




"Vinte seis maneiras diferentes de morrer"



Confesso que a proposta de “The ABC’s of Death” me deixou curioso. A idéia de uma antologia de curtas tendo como o protagonista principal a morte é algo muito peculiar. Sem contar o desafio criativo, ou seja, para cada letra do alfabeto uma história deve ser contada. O projeto conta com vários diretores, de diversos países, totalmente livres em sua criação e temática, desde que, não saiam do eixo central - DEATH. Totalizando o número de 26 curtas. Porém o que fisgou a minha curiosidade foi justamente a proposta de reunir vários “pequenos contos” como se fazia antigamente. Isso me animou pois a prática de contar pequenas histórias com desfecho criativo ficou morta junto com as Pulp Fiction Magazine. 

“The ABC’s of Death” me trouxe a esperança de ver novamente a criatividade de filmes clássicos como “Creepshow (1982)”, dirigido por George Romero e escrito por Stephen King. Creepshow ganhou uma continuação com mais três histórias e depois virou série “Contos da Crypta”.  Outro filme no mesmo estilo e que me traz saudosas lembranças é o “Tales from the Darkside: The Movie (1990)”, comumente conhecido aqui no Brasil como “Contos da Escuridão”. Só para você ter uma idéia sobre a importância do que estou dizendo, saiba que esse filme revelou atores nome como Christian Slater, Michael Deak e o ator mais Cult da história do cinema, Steve Buscemi, mais conhecido pelo filme “Cães de Aluguel (Reservoir Dogs, 1992)” do Quentin Tarantino.

George Romero e Stephen King na produção Creepshow

Ao assistir percebi que o ABC da Morte seguia ao pé-da-letra a palavra “curta”. Alguns eram tão curtos que pareciam mais um rascunho para um longa. Mas deixo claro, nem todos os curtas são assim. O ponto positivo do projeto é a idéia de divulgar os novos diretores. Por isso cada letra do alfabeto corresponde a um diretor, cada diretor desenvolveu com sua letra uma palavra que remeta ao eixo da história a ser narrada. Ao todo são 26 diretores, 26 maneiras de morrer, 15 países diferentes, o mesmo orçamento para todos. Sem contar a absoluta e absurda liberdade criativa, valendo tudo. E quando digo valendo tudo é realmente tudo! Assassinato em massa, luta entre animais e pessoas, desmembramento, gazes mortais, nudez em uma variada gama de contextos, nazistas, carros e velocidade, insetos, terremotos, pragas, perversão, monstros, sangue arterial, robôs, samurais e banheiros aterrorizantes. Tudo isso em vários estilos de filmagem como animação em stop-motion, desenho animado, narração em primeira pessoa, fotografia em câmera lenta, captura movimento lento, captura movimento rápido, narração em primeira pessoa, o diálogo pesado, o diálogo livre e cortes non-sense. Resultando em uma diversidade imensa de contextos hilariantes, criativos, incomuns, únicos, surreais, visceralmente chocante, alguns ridículo, sem-sentido e banais.



O fato de encontrar histórias com ritmos e contextos diferentes, confesso que deixou a desejar. Infelizmente algumas histórias são completamente indigeríveis para o público em geral, não só pelo excesso descontextualizado da violência, mas também pelo compasso rítmico que cada história remete à seguinte.  Às vezes acabamos de ver um curta extremamente criativo, logo em seguida surge outro, porém com ritmo diferente e as vezes até banal em relação a simplicidade criativa do anterior. Sempre gostei de filmes undergrounds com grande poder criativo contido na narrativa. Por essa razão sou um grande admirador da nossa safra de diretores do cinema francês extremo. A violência não surge para assustá-lo ou mostrar a fúria de um arquétipo americanizado como “o mostro” ou “serrial killer acéfalo”. O medo está nas entrelinhas, na subjetividade da história que muitas vezes demonstra que a vilania pertence a qualquer um, seja ele o zelador ou o diretor da empresa. O mau está para todos, não existe face, muitas vezes é um fator psicológico que desconecta o individuo de seus conceitos sociais de moralidade.

Em “The ABC’s of Death “ algumas histórias não caíram bem à proposta justamente por isso. Muitas vezes pensei: “O sujeito ganhou a grana e a visibilidade de uma produção internacional para fazer algo tão banal ou grotescamente inexpressivo?” No entanto, também pensei no tempo em que foi dado a cada diretor para produzir o curta. Como não encontrei essa informação no site oficial [se encontrarem me avisem!], deduzi falta de criatividade de alguns poucos diretores comparado a tamanha liberdade e visibilidade do projeto. Mas tem o outro lado da balança [sendo advogado dos argumentos fiz] são 26 diretores e 15 países diferentes, realmente é difícil todas as histórias permanecerem no mesmo contexto. Afinal são contextos, culturas e modos de ver diferentes. São essas perspectivas que torna a obra válida para conhecimento.


Mesmo acreditando que alguns diretores não estavam realmente maduros para o projeto, recomendo que assistam. Mesmo diante de minha conclusão aparentemente “negativa” considero “The ABC’s of Death” em sua totalidade muito válido. Afinal não existe nenhuma abertura para o cinema underground e os cineastas independentes. Realmente alguns foram infelizes no modo de apresentar a sua proposta, porém outros, foram totalmente criativos e únicos. Eu já esperava essa surpresa, encontrar curtas ao estilo que aprecio e outros totalmente desnecessários. Mas como disse anteriormente, vale a experiência por si só, seja ela qual for. Se você gostar ou não, ficarei muito grato em ler a sua opinião aqui no blog ou em nossa página no facebook. 

Abaixo a lista de curtas. E em destaque os que considerei mais interessante. 

/// LISTA DE CURTAS 


(A) is for Apocalypse
Director: Nacho Vigalondo
Writer: Nacho Vigalondo



(B) is for Bigfoot
Director: Adrian Garcia Bogliano
Writer: Adrian Garcia Bogliano

(C) is for Cycle
Director: Ernesto Diaz Espinoza
Writer: Ernesto Diaz Espinoza

(D) is for Dogfight
Director: Marcel Sarmiento
Writer: Marcel Sarmiento



(E) is for Exterminate
Director: Angela Bettis
Writer: Angela Bettis

(F) is for Fart
Director: Noboru Iguchi
Writer: Noboru Iguchi

(G) is for Gravity
Director: Andrew Traucki
Writer: Andrew Traucki

(H) is for Hydro-Electric Diffusion
Director: Thomas Malling
Writer: Thomas Malling

(I) is for Ingrown
Director: Jorge Michel Grau
Writer: Jorge Michel Grau



(J) is for Jidai-geki
Director: Yûdai Yamaguchi
Writer: Yûdai Yamaguchi

(K) is for Klutz
Director: Anders Morgenthaler
Writer: Anders Morgenthaler

(L) is for Libido
Director: Timo Tjahjanto
Writer: Timo Tjahjanto

(M) is for Miscarriage
Director: Ti West
Writer: Ti West

(M) is for Nuptials
Director: Banjong Pisanthanakun
Writer: Banjong Pisanthanakun

(O) is for Orgasm
Director: Bruno Forzani, Héléne Cattet
Writer: Bruno Forzani, Héléne Cattet



(P) is for Pressure
Director: Simon Rumley
Writer: Simon Rumley

(Q) is for Quack
Director: Adam Wingard, Simon Barrett
Writer: Adam Wingard, Simon Barrett

(R) is for Removed
Director: Srdjan Spasojevic
Writer: Srdjan Spasojevic

(S) is for Speed
Director: Jake West
Writer: Jake West



(T) is for Toilet
Director: Lee Hardcastle
Writer: Lee Hardcastle


(U) is for Unearthed
Director: Ben Wheatley
Writer: Ben Wheatley

(V) is for Vagitus
Director: Kaare Andrews
Writer: Kaare Andrews

(W) is for WTF (What that Fuck)
Director: Jon Schnepp
Writer: Jon Schnepp

(X) is for XXL
Director: Xavier Gens
Writer: Xavier Gens

(Y) is for Youngbuck
Director: Jason Eisener
Writer: Jason Eisener



(Z) is for Zetsumetsu
Director: Yoshihiro Nishimura
Writer: Yoshihiro Nishimura

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FICHA TÉCNICA

Direção:26 Diretores
Título Original: The ABCs of Death
Título de Divulgação no Brasil: The ABCs of Death
Gênero: Horror
Origem: Produção de 15 países diferente
Ano: 2012
Site Oficial: drafthousefilms.com/
Minha nota: 5,8/10,0

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Torrent + Legenda em Português (ABC.rar)


 

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